Hoje me peguei pensando na vida, e tive vontade, como tive
muitas vezes, de escrever sobre o que estou sentindo. Mas se expor, dizer que
está doendo, nem sempre é uma coisa fácil, especialmente no mundo virtual.
Sempre evitei este tipo de atitude, quando o assunto era o meu coração. Preferia,
costumeiramente, a exposição discreta que as minhas músicas e poesias me
proporcionam. É mais fácil não ter que explicar porque compus.
Mas hoje pensei: por que não? Sou humana, normal, me
apaixono, sinto saudade, como todo mundo! E também, quem sabe a minha dor não se
pareça com a dor de alguém e, com a mesma consolação com que fui consolada,
possa consolar também? Não é isso que aprendemos com o Apóstolo Paulo (2 Co.
1:4)? Pois é. Por estes motivos, resolvi tomar coragem e escrever.
Todos temos muitos sonhos, alguns maiores, outros menores;
alguns que podemos realizar praticamente sozinhos, e outros que não conseguimos
realizar sem o outro; alguns que, quando não se realizam, nos incomodam muito
pouco ou simplesmente são esquecidos, e outros que nos trazem um profundo
sentimento de frustração; alguns são conquistados a curto, médio, longo prazo,
e outros temos que aprender a permitir que o Senhor os troque por outros melhores
para nós. Isto é comum a todos. Entretanto, os nossos sonhos não são iguais,
porque somos únicos. Até mesmo quando classificamos os nossos sonhos em
categorias como: comprar uma casa, encontrar a pessoa amada, fazer sucesso na
carreira, etc, ainda sim, sonhamos com ideais diferentes para cada um destes. A
casa ideal para mim, pode não ser ideal para você. A pessoa certa para mim,
pode não ser nada parecida com o seu sonho de consumo sentimental. E isso é
normal, não é?
O problema começa
quando tentamos e nos frustramos, quando pensamos que finalmente chegou o tempo
da realização, e novamente saímos feridos. Nestes momentos, além do sentimento
de desânimo, eu pelo menos, costumo fazer as seguintes perguntas: Por que Deu
errado desta vez? O que posso fazer? Onde estou errando? O que Deus quer me
ensinar com isso? Acho que sinceramente, de todas, a mais inteligente é esta. Pelo menos é esta
que Deus sempre faz questão de responder, embora algumas vezes eu não consiga
entender a resposta no tempo em que gostaria.
Você sabe quais são os meus dois maiores sonhos? Sem falsa modéstia,
sem hipocrisia, sem máscaras? Cumprir o chamado que Deus me deu, e me sentir
amada por alguém com quem eu possa compartilhar a vida. O primeiro depende só
de mim, mas o segundo não dá para realizar sozinha. Antes eu achava que este
era o sonho de todo mundo: desfrutar do amor de Deus, pleno, perfeito, e amar e
ser amado. Hoje, tenho visto um número crescente de pessoas que não dão muita
importância a nenhum dos dois, ainda que no caso do primeiro, acredito que
sempre ficará um vazio exatamente do tamanho de Deus no coração do homem, quer
ele creia nisso, quer não.
Também descobri que quanto maior o sonho, mais difícil de
realizar, e maiores são as provas que você passa naquela área específica. E isto
tem uma relação direta não só com o tamanho do sonho, mas também com o tamanho
do sentimento de frustração, de fracasso que sentimos a cada tentativa mal
sucedida.
Tantas vezes projetei fazer grandes coisas para Deus e não
deu certo! Tantas vezes pequei em coisas que prometi não mais pecar! Sem contar
nas vezes em que investi numa relação, dei o melhor que pude, e sempre me senti
rejeitada no final, como se fosse boa o bastante para ser apenas aquela que dá
suporte quando necessário, para no fim receber um: “muito obrigado, mas agora
não precisa mais”. E estas não são dores do passado para mim. São coisas que me
dilaceram, que me fazem sangrar por dentro, muitas e muitas vezes.
Entretanto, duas coisas me fazem recuperar a alegria e a
motivação para continuar sonhando: A primeira é saber que Deus me ama e aposta
no meu potencial, apesar dos meus defeitos e limitações. Isso me dá um alívio
incrível! Porque eu sei que posso continuar tentando melhorar e agradá-lo mais em
tudo. A segunda é que o fato de não ter sido amada por quem um dia amei não
impede que Deus restaure o meu coração com o seu amor, e me ensine a me amar
mais e a valorizar os meus próprios sentimentos, sem ter vontade de cair no
extremo do egoísmo, ou pelo menos sem precisar cair na tentação de vestir a
capa do egoísmo e da amargura para mascarar a dor da rejeição.
E aí você pode perguntar: Isso é possível? Sim, mas se você
permitir que o Senhor te restaure, se você cultivar comunhão com ele. Porque
nós, por nós mesmos, apenas reagimos ao que nos aconteceu. Apenas Deus pode
refazer o nosso coração de tal maneira que possamos crer que cada história é
única, e que Deus pode nos mostrar onde erramos no passado para acertarmos no
presente e construirmos um final feliz para nossa história no futuro. Porque
afinal, plantar é opcional, mas colher é obrigatório. E do mesmo jeito que isto
serve para nos lembrar que colheremos o mal se plantarmos mal, também deve
servir para nos encorajar que colheremos o bem se o semearmos.
Hoje, não espero viver um grande amor para me sentir amada.
Quero me sentir amada por Deus e mergulhar nesse amor, quero sair com meus
amigos e me sentir amada pelos bons amigos que Deus me deu, quero sorrir, quero
ver gente, e quero me sentir amada por mim, valorizando os meus sentimentos e o
meu papel para o crescimento do Reino de Deus e para tornar a sociedade melhor
e mais compreensiva, mais amável. Estou reeditando as minhas expectativas em
relação a isto, sem contudo me trancar. Afinal, guardar o coração não significa
impedir que novas histórias aconteçam.
Termino com a frase com que o Senhor tem me consolado, e
desejo que o seu coração receba do Senhor a mesma consolação, a mesma esperança
de que dias melhores virão e a mesma capacidade de ser restaurado e curado. “O
fim da luta é uma questão de tempo, mas a vitória é uma questão de fé.”
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