segunda-feira, 11 de outubro de 2010

II ESTUDO DA CARTA DE TIAGO

APRENDENDO A LIDAR COM AS PROVAÇÕES
(TG. 1:2-4).

“Meus irmãos, tende por motivo de grande gozo o passardes por várias provações,
Sabendo que a aprovação da vossa fé produz a perseverança;
E “a perseverança tem a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma.”

Como dissemos no estudo passado, embora seja classificado como epístola, o livro de Tiago parece-se muito mais com uma coletânea de sermões. Ele simplesmente faz uma breve saudação, que nos informa apenas quem ele é (e com alguns questionamentos que já apresentamos) e quem são seus destinatários.
Logo depois, ele já começa a desenvolver um tema que era extremamente relevante em seus dias, e não é menos relevante nos nossos: “o lugar das provações da vida do Cristão”. Como lidar com as provações? Elas são ruins, como muitas vezes achamos? Por que somos provados? Basicamente, é sobre isto que vamos falar hoje.
Para os leitores contemporâneos da carta de Tiago, este assunto era incrivelmente pertinente porque estava muito próxima a perseguição que viria, de fato, no ano 64 D. C, através do imperador Nero, e que seria a primeira das dez perseguições que a Igreja sofreria, até o terceiro século da era Cristã. O livro de Atos nos relata a morte de Estevão (At. 7), a dispersão que veio com a perseguição que teve início com a morte de Estevão (At.8:1-4), a morte de Tiago e a perseguição a muitos outros, incluindo a Pedro (At. 12:1-17). Assim, não é de se admirar que o coração de toda a Igreja estivesse contristado com todos estes acontecimentos. Tiago, porém, desejava encorajar a Igreja para que perseverasse na fé em Cristo.
Também hoje o Espírito Santo quer nos encorajar a perseverarmos na fé, sem desistir, sem dar às perseguições uma dimensão que elas não têm. Não precisamos falar do quanto esta mensagem é pertinente para os nossos dias, uma vez que vemos claramente a perseguição sendo formada, através de algumas leis que estão sendo reformuladas. Além disso, você mesmo tem as suas próprias provações, assim como os leitores diretos de Tiago.
Não dá para negar que elas existem, mas como lidar com elas? Tiago nos dá alguns conselhos, e o primeiro deles é que devemos nos alegrar quando passarmos por provações. Portanto, ter uma atitude positiva em relação às provações é imprescindível. Não devemos nem precisamos ver as provações como algo ruim, ou como o fim da nossa esperança. Quando elas vierem, precisamos crer que não vamos morrer na praia, como diz o dito popular. Até porque, morrer na praia não é final para quem serve ao Deus que quando não acalma a tempestade, faz-nos andar sobre as bravas águas. Esta esperança de que seremos vitoriosos no final tem duas razões de ser:
1. As provações servem como autenticadores da nossa fé (Tg. 1:3).
Observemos por um momento a história de Jó. Quando o Senhor o provou, não queria saber se Jó era íntegro ou não, se ele cria ou não. Disso ele já sabia, e até disse a Satanás (Joó. 1:7-12; 2:2-10) Foi o Senhor mesmo quem chamou a atenção de Satanás para a vida de Jó. Deus não atendeu a um pedido de Satanás, de forma não planejada. Deus fez a sua própria vontade, sabia exatamente quem era o seu servo, o quanto ele poderia suportar, e como queria engrandecê-lo na presença de todos, quer no mundo físico, quer no mundo espiritual. Ficou cabalmente provada a integridade e a autenticidade da fé de Jó.
Pedro, de forma semelhante, afirma que as provações e perseguições que enfrentamos são uma excelente oportunidade para darmos bom testemunho de nossa fé (i PE. 2:18-25).
Assim, o objetivo de Deus não é nos destruir, mas sim tornar conhecida a autenticidade da nossa fé. É fácil dizer que Cristo faz milagres, mas melhor do que dizer é viver os milagres. É simples dizer que Cristo reina soberanamente sobre todas as coisas, mas melhor ainda é deixar que o seu Reino seja estabelecido em nossas vidas e reescreva as histórias que tínhamos escrito para nós.
2. As provações produzem crescimento.
A provação não nos sobrevém para sermos destruídos, mas para nos tornarmos maduros. É isto que Tiago quer dizer com a palavra perfeito, sem falta de nada. O apóstolo Paulo nos mostra o processo de crescimento que as provas produzem em nós, até ficarmos completos, como disse anteriormente Tiago (Rm. 5:3-5).
Jó cresceu em comunhão com Deus muito mais do que cresceu na sua prosperidade (Jó. 42:5). O salmista disse que foi bom que ele passasse pelas aflições para que conhecesse a obediência (Sl. 119:71). Assim, o Senhor nos prova para que possamos, como filhos, termos nosso caráter aperfeiçoado e cada vez mais parecido com o dEle, e para que possamos estar bem equipados para enfrentarmos obstáculos maiores, que nos trarão vitórias ainda superiores.
Pedro, no início de sua primeira Epístola, dá-nos igualmente estas duas razões para vermos as provações como acontecimentos bons e necessários (1 Pe. 1:6-9). Não precisamos orar para sermos provados, nem tão pouco precisamos abrir as portas para passarmos por provações desnecessárias, muitas vezes. O que precisamos mesmo é passar por elas crendo que apenas passaremos, e não ficaremos ou morreremos nelas.
Que o Senhor nos ensine a passar apenas pelas provas necessárias, e que passemos por elas com alegria, sabendo que elas produzem em nós um peso de glória incalculável, que nos prepara para vivermos uma eternidade repleta de alegria e paz.
Que o Senhor abençoe você!